Com a seca, a terra ressecada e o calor escaldante têm atrasado o plantio de soja no Brasil, que é o maior produtor global do grão.
Essa questão pode afetar ainda a próxima safra de milho, que sequer pode ser plantado até que a soja seja colhida.
De acordo com o G1, Endrigo Dalcin, que cultiva grãos e oleaginosas no Mato Grosso vê no horizonte de sua fazenda os efeitos do clima.
Ele havia planejado semear 4.900 hectares de soja para depois substituir a maioria disso por milho em janeiro ou fevereiro, mas até agora só conseguiu plantar 3 mil hectares.
Chuvas escassas mataram cerca de um quarto das mudas de seja de Dalcin, e agora ele terá que replantar em algumas áreas. Quando a soja substituta estiver pronta para ser colhida, será tarde demais para semear toda a safra de milho que ele havia imaginado.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estimou este mês a próxima safra do Brasil em 129 milhões de toneladas, abaixo das 137 milhões de toneladas da temporada anterior, e é provável que essa estimativa caia ainda mais no próximo relatório, de dezembro.
A pesquisa da corretora Agrinvest Commodities sugere que o plantio de milho de inverno no país está prestes a cair pelo menos 7% nesta temporada, enquanto a produção pode diminuir até 14%.
As estimativas para a soja também estão caindo, com a Agrinvest reduzindo sua previsão para a produção do país no ano de plantio 2023-2024 para 155,4 milhões de toneladas, abaixo dos 163 milhões de toneladas estimados algumas semanas antes.
“Se não chover nos próximos sete dias, é muito provável que cortemos ainda mais as estimativas de produção do que já fizemos”, disse Marcos Araujo, sócio da Agrinvest, no início desta semana.
Uma queda na produção dos dois maiores cultivos do país, que está entre os principais exportadores globais, poderia ter efeitos cascata ao redor do mundo. O Brasil assumiu a liderança nas exportações de soja há uma década e tirou a liderança dos EUA no milho este ano.
As safras brasileiras, que crescem ano após ano, se tornaram cada vez mais importantes após as interrupções no fornecimento da Ucrânia por causa da invasão russa. Sua soja e milho desempenham um papel importante na economia da China, com compradores adquirindo colheitas brasileiras em parte para reduzir a dependência dos EUA.
O ritmo de plantio de soja em Mato Grosso, responsável por cerca de um terço de toda a soja produzida no Brasil, é o mais lento desde pelo menos 2017, segundo a agência estadual Imea. Em nível nacional, este é o ritmo de plantio mais lento desde pelo menos 2019, conforme dados da Datagro.
A Coacen, a maior cooperativa agrícola de Mato Grosso, espera que a área de plantio de sua próxima safra de milho seja de 10% a 15% menor.
Foto: Site Maneje Bem
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